terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Incompetência e corrupção

A III República tem-se distinguido pela sua excepcional incompetência e corrupção. Em termos de incompetência, conseguiu uma estagnação económica nos últimos 15 anos, para além de ter atingido a quase bancarrota por três vezes em menos de 40 anos.

Em termos de corrupção, certamente ajudada pela mais vergonhosa das associações secretas, a Maçonaria, conseguiu um conluio extractivo entre empresários do regime, partidos políticos e sistema judicial, que foram conseguindo disfarçar o seu comportamento de sanguessugas, com a ajuda do endividamento ao exterior, sobretudo a partir de 1995.

A crise internacional, a partir de 2008, e a crise do euro, a partir do final de 2009, vieram colocar um ponto final num sistema económico insustentável e com fraquíssimos resultados.

Os erros do GES, BES e PT expuseram-se a si próprios, com uma modesta ajuda do Banco de Portugal. Quanto ao resto, parece que foram necessárias algumas mudanças no topo do sistema judicial para que começassem a ser conhecidas e verdadeiramente investigadas.

Para além de casos sortidos, como os de dois ex-ministros socialistas condenados, tivemos o caso dos vistos Gold, que vieram revelar o topo de uma administração pública escandalosamente corrupta.

O PS, partido que se tem confundido com o regime e que mais tempo esteve no poder nas últimas duas décadas, teria necessariamente que surgir como responsável da maioria dos casos. Não é uma questão de má vontade, mas, em primeiro lugar, uma probabilidade estatística e, em segundo lugar, uma especial apetência deste partido pela expansão do Estado e dos seus negócios.

A sombra que paira sobre a justiça tem esquecido outras figuras, do PSD e outros partidos (em particular, os submarinos e Paulo Portas), que deveriam estar a ser investigados.

Por isso, queremos saber quem foram as instâncias judiciais (incluindo as mais altas) que atrasaram e/ou impediram os processos envolvendo Sócrates que só agora vêm a luz do dia. Passaram-se tantos anos e só agora é que há provas?

Fizeram tudo para impedir inúmeros processos de avançarem e, ao instalarem um sentimento de impunidade, deixaram a corrupção aprofundar-se muito mais. A corrupção na justiça está hoje a custar-nos muitos milhares de milhões de euros em contratos absurdos e leoninos, contra os interesses do Estado e dos contribuintes.

É importante recordar que o 25 de Abril varreu de cena a esmagadora maioria da classe política e deu uma valente machadada na elite económica, embora tenha deixado intacto o poder judicial, apesar de parte deste ter sido cúmplice da repressão do Estado Novo.

O que me parece para lá de evidente é que a IV República, que não deverá demorar muito tempo a chegar, terá que fazer uma profunda purga ao poder judicial e colocar na cadeia todos os cúmplices dos políticos corruptos e empresários corruptores.


[Publicado no DiárioEconómico]

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