terça-feira, 10 de maio de 2011

A Grécia como indicador avançado

Como já tinha referido aqui, devemos olhar para a Grécia como um indicador avançado de Portugal, ou seja, o que acontecer aos gregos irá passar-se por cá, algum tempo depois. Estávamos ainda em Dez-09, bem no início da crise da dívida soberana, mas já seria de esperar uma escalada dos juros portugueses, na senda do que estava a acontecer à Grécia.

Também tinha escrito aí que:

Há banqueiros que aplaudem os projectos faraónicos de endividamento público (na expectativa de ganhar umas comissões de financiamento), esquecendo que este endividamento ajuda a que o cenário atrás descrito [de elevados prejuízos bancários] se materialize, colocando os bancos em sério risco.

Reproduzo este parágrafo para enfatizar uma ideia que Vítor Bento vem referindo recorrentemente, que chegámos aqui porque durante demasiado tempo houve cumplicidades de pessoas ao mais alto nível, neste caso de banqueiros, que nem sequer souberam acautelar os interesses dos bancos.

Em Mai-10 a Grécia pediu ajuda e seria de esperar que alguns meses depois fosse a vez de Portugal. Curiosamente, o actual governo fez duas coisas contraditórias com esta previsão. Por um lado, desleixou-se completamente na execução orçamental de 2010, o que deveria ter acelerado o pedido de ajuda mas, por outro lado, adiou para lá de todos os limites o pedido de ajuda.

Agora fala-se na necessidade de mais ajuda à Grécia. Tendo em atenção que o nosso plano prevê que voltemos ao mercado, para prazos mais longos, em meados de 2013, não parece muito arriscado prever que não estaremos prontos para o fazer então e que Portugal também, mais uma vez, siga a Grécia e tenha necessidade de mais ajuda.

Se mais nada suceder entretanto (eg, ajuda a Espanha, reestruturação da dívida grega) é evidente que estes pacotes adicionais de ajuda vão colocar uma pressão adicional sobre a crise do euro, apressando o fim da moeda única, como desenvolvi aqui.

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