quinta-feira, 24 de março de 2011

Recados ao PSD

Agora que caminhamos para eleições antecipadas, permito-me enviar alguns recados ao PSD.

Em primeiro lugar, o PSD deve prestar rapidamente esclarecimentos aos mercados que a demissão do governo não se prende com a falta de vontade política de tomar medidas difíceis, mas da falta de confiança neste PM para as executar.

Em segundo lugar, deve seguir a recomendação do António Barreto e pedir ao Presidente da República e ao Governador do Banco de Portugal uma auditoria às finanças públicas portuguesas, cujos resultados devem ser conhecidos antes das eleições, para que os portugueses possam votar em consciência. Auditorias destas já foram feitas em 2002 e 2005, mas depois das eleições, o que foi pena. É óbvio que o resultado desta auditoria tem forte probabilidade de influenciar os próprios resultados eleitorais.

Em terceiro lugar, o PSD deve rever e recuar na ideia de subida do IVA. Subir o IVA em vez de diminuir as pensões significa aumentar os impostos em vez de reduzir a despesa pública, em total contradição com o que o PSD vem defendendo. As transferências para as famílias, nas quais avultam as pensões, já são a maior componente da despesa pública, pelo que estas não podem ficar isentas de alterações. Congelar ou baixar as pensões mais elevadas faz sentido, sobretudo nos casos em que elas não resultam do conjunto da carreira contributiva, mas apenas dos anos mais favoráveis.

Mas o pior de tudo na ideia de subir o IVA é o que isso implica de assumir à partida a derrota perante o desafio de reformar o Estado. Mesmo que não se queira mexer nada nas pensões é preciso assumir o compromisso de baixar outra despesa pública para que isso seja possível.

2 comentários:

Adriano Volframista disse...

Pedro Braz Teixeira
Alguns apontamentos sobre o seu post.
a) Será mais prático pedir uma auditoria ao BCE. Poupamos um compasso de espera e, adiantamos serviço para propor alternativas. Acresce que permite retirar, de uma vez por todas o BdP do "meio" político.
b)O principal problema é o endividamento externo nacional: estado e famílias; na falta de desvalorização o IVA servirá de travão ao consumo, dificilmente poderemos repetir as loucuras consumistas das duas últimas épocas natalícias quando, em pouco mais de uma semana gastámos 1.5% do PIB em compras.
Outras medidas teremos de realizar, nomeadamente no "emagrecimento" do estado mas, não vejo forma de impor uma mudança de padrões de consumo sem um aumento do IVA.
Cumprimentos
adriano

Pedro Braz Teixeira disse...

Caro Adriano:
Concordo inteiramente com a). Em relação a b) concordo com a subida do IVA se isso servir para diminuir as contribuições para a SS no sector transaccionável. Se for como substituto de mexer nas pensões e de reformar o Estado, não concordo.