terça-feira, 1 de março de 2011

Ainda os “Deolinda”

Parece que a canção de protesto dos “Deolinda” já teve como resultado a proibição dos estágios não remunerados.

Cuidado com as leis que ignoram a natureza económica. Criar leis que obrigam os elefantes a voar ou os leões a serem vegetarianos não serve para grande coisa.

Não estou em condição de responder a estas perguntas mas o conhecimento da resposta é essencial para avaliar a bondade da medida. Aquela proibição vai traduzir-se numa redução dos estágios abrangidos por ela em 1%? Ou em 50%? Se praticamente os mesmos estágios continuarem a estar disponíveis, a medida justifica-se, mas se houver uma redução drástica dos estágios disponíveis, então será melhor recuar. Caso contrário, acabaremos com mais desemprego e mais dificuldade em sair dessa mesma situação, pelo entrave acrescido de acesso a um estágio.

Os empregos que existem podem ser destruídos por legislação voluntarista e este alerta nem é tanto dirigido a esta proposta, mas a outras que possam surgir. Desde o pico do emprego em 2008 a economia portuguesa já destruiu 280 mil empregos e, de acordo com o próprio governo, deverá haver nova destruição de emprego em 2011. Segundo o Banco de Portugal e a OCDE a destruição de emprego deverá mesmo prosseguir em 2012.

Recuperando o que já disse sobre o mercado de arrendamento no contexto da “geração Deolinda”, gostaria de salientar que se torna cada vez mais urgente a sua reanimação, porque nos próximos anos o crédito à habitação vai ser escassíssimo e caríssimo. Mesmo que o Estado português recorra à ajuda europeia e ao FMI, os bancos portugueses não têm nenhum mecanismo equivalente de financiamento e serão forçados a cortar na concessão de crédito. Pior ainda, com os apelos recentes ao aumento de capital dos bancos e com a dificuldade em os concretizar, o caminho terá que passar pela redução do crédito concedido.

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