terça-feira, 27 de julho de 2010

Usar o ouro como colateral

Tal como o Jorge Costa já chamou a atenção aqui, o IGCP prepara-se para ceder colateral nas suas operações de derivados, por razões que não são ainda inteiramente claras: estão a ser forçados a isso ou estão a antecipar-se ao mercado?

De qualquer forma coloca-se o problema de qual o colateral o IGCP vai ceder e como o vai obter. Como já tinha sido sugerido na peça inicial, o ouro parece ser um colateral interessante e sucede que o Banco de Portugal (BdP) ainda mantém um valor apreciável deste activo. O Estado poderia pedir ouro emprestado ao nosso banco central, sem a necessidade de prestar colateral, porque até seria muito estranho o BdP exigi-lo, logo após os testes de stress dos bancos terem deixado de fora a hipótese de incumprimento das dívidas soberanas.

Este empréstimo seria uma violação dos tratados europeus, mas menos grave do que a compra de dívida soberana pelo BCE, dado que o ouro não é moeda como a que o BCE pagou os títulos e o BdP não tem capacidade de criar moeda. Para além disso, se houve outra violação dos tratados com a ajuda à Grécia, neste caso a violação também é menos grave, dado que se trata de um activo português, o ouro (aliás em última análise propriedade do Estado português), que seria emprestado ao Estado português. Não há aqui nenhum bail out de outros estados membros do euro a Portugal.

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