quinta-feira, 13 de maio de 2010

Resolver os problemas com inflação

O euro está a cair devido aos receios das repercussões das compras de dívida pública pelo BCE:

http://www.ft.com/cms/s/0/163f1c6a-5da4-11df-b4fc-00144feab49a.html

Por enquanto, com este segundo pacote o BCE vai comprar dívida pública de países da zona do euro, distorcendo os seus preços de mercado, mas esterilizando o efeito monetário destas compras. Ou seja, vai vender outros títulos em montantes equivalentes de modo que o seu objectivo para a base monetária (o agregado monetário que o BCE controla directamente) se mantenha.

No entanto, a prazo e com a eventualidade de serem necessários mais pacotes (necessidade de que o mercado desconfia crescentemente), esta esterilização pode parar ou passar a ser apenas parcial. Ou porque a esterilização total já não é possível ou porque já não é desejada.

O montante de compras de dívida pública pelo BCE pode tornar-se tão elevado que se torne quase impossível de ser completamente esterilizado. Ou, cenário talvez mais provável, já que estão a redefinir as regras do euro, os países aderentes podem decidir que um surto de inflação seria mesmo a forma mais conveniente (para os governos) de resolverem os problemas de contas públicas.

Com a esmagadora maioria da dívida pública a taxa fixa, um surto de inflação iria reduzir substancialmente o stock real de dívida. É evidente que o problema não desapareceria por encanto: haveria uma transferência forçada de poder de compra dos detentores de dívida pública para os Estados emissores. A Alemanha deveria ser o país que mais se oporia a uma saída do problema pela via da inflação, tendo aqui mais uma oportunidade e um pretexto para sair do euro.

Mas para quase todos os outros países isso seria talvez uma tentação demasiado forte para que lhe pudessem resistir.

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