sábado, 27 de dezembro de 2008

Passos Coelho merecia mais

Considero que Passos Coelho ainda não tem currículo para ser PM. Parece-me mesmo que seria um desastre Portugal voltar a ter um PM quase sem experiência executiva, como foi o caso de Guterres. Isto dito, parece-me que Passos Coelho tem tido um comportamento que é genericamente de louvar. Hoje no Expresso, p. 6, afasta liminarmente a hipótese de um congresso antes de eleições. Penso que Manuela Ferreira Leite faria bem em o acolher numa posição próxima. Passos Coelho é uma óbvia mais valia e aumentava a unidade do partido, sobretudo agora que os santanistas já devem estar quase calados. Sobravam só os menezistas, completamente desacreditados.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Independência

Fernando Ulrich, presidente executivo do BPI, preserva a independência na entrevista de hoje ao Público. Destaco:

“Neste momento, o único banco a que o Governo pode tirar a garantia do Estado é a Caixa Geral de Depósitos (CGD), que foi o único que a utilizou.”

“Todos temos que estar disponíveis para nos sentarmos à volta da mesa e discutir quais são as melhores soluções. Não vejo nenhuma vantagem em andarmos a atirar pedras uns aos outros. Isso não vai ajudar a resolver os problemas.” Revela mais serenidade do que o governo.

“Portugal é um dos países com um dos maiores défices da BTC do mundo. Quer em percentagem do PIB, quer em valor absoluto. O país com maior défice da BTC é os EUA, o segundo é a Espanha. E Portugal está nos dez primeiros. E o desafio é este, pois financiar este défice vai ser muito mais difícil do que foi até aqui. E pode até não ser possível.”

“A CGD não pode ser o saco azul do partido que está no governo”

“O que digo é que não está excluído que o BPP tenha que ser liquidado e não está excluído que o BPP tenha capitais próprios negativos.” [Meus sublinhados].

sábado, 20 de dezembro de 2008

Espertalhices

Há um grupo de clientes do BPP que parece que tenciona processar o banco porque aplicou poupanças em produtos com rendimento mínimo garantido e pretendem que este produto deveria ser equiparado a um depósito a prazo. Se tinha um rendimento mínimo quer dizer que tinha um rendimento variável. Logo, é impossível de confundir com um depósito a prazo. Não venham agora fazer o teatro de abéculas financeiras, que praticamente não percebiam nada do que estavam a fazer.

Se tiverem razão e o BPP não falir pode ser que recebam o seu dinheiro. Mas se o BPP falir é inadmissível que sejam ressarcidos pelo Fundo de Garantia de Depósitos, gerido pelo Banco de Portugal.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Inflação em mínimos de 4 décadas

A inflação homóloga “afundou” de 2,3% em Outubro para 1,4% em Novembro, sobretudo devido à queda do preço dos combustíveis. Este valor da taxa homóloga é o menor da série disponibilizada pelo Banco de Portugal desde 1977. Um nível tão baixo de inflação só deve ter igual em meados dos anos 60.

É prematuro dizer que esta desaceleração é sinal da recessão em que devemos ter entrado no 3º trimestre deste ano, mas tudo indica que os preços deverão continuar a desacelerar.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Resposta à crise?

A resposta à crise deve basear-se em três pilares: reformas estruturais para os problemas internos anteriores à crise e que foram agravados pela crise (baixo potencial de crescimento e elevado endividamento externo); reformas estruturais aos problemas levantados pela crise no sector financeiro; resposta conjuntural aos problemas da desaceleração económica.

Como é habitual, este governo não tem um pensamento estratégico e julga que esta crise é uma mera crise conjuntural, só tendo prestado atenção ao 3º pilar, conjuntural. Relembre-se que o item em que o ministro das Finanças teve pior classificação foi justamente na incapacidade de lidar com a crise financeira. Aliás, este reconhecimento tão tardio da situação só reforça a má classificação do FT.

Em relação à resposta limitada do governo, parece que este tem a intenção de gastar 0,8% do PIB, com a ideia piedosa de ajudar a combater os efeitos da crise. Desde logo, note-se a falta clamorosa de apoio aos desempregados. É para lá de lírico pensar que os apoios ao emprego vão impedir a subida do desemprego.

http://www.portugal.gov.pt/Portal/PT/Governos/Governos_Constitucionais/GC17/Conselho_de_Ministros/Comunicados_e_Conferencias_de_Imprensa/20081213.htm

Depois a trafulhice, mais uma, do impacto orçamental. As contas simplistas do governo parecem ser: tínhamos um défice de 2,2%, vamos gastar mais 0,8%, ficamos com um défice de 3,0%. Ridículo. Se temos uma forte revisão do cenário macro (implícita no pacote anti-crise), então a anterior previsão de despesa leva a um défice muito superior aos 2,2%. Logo, o novo défice será muito acima dos 3%. A não ser que o governo tencione inventar mais umas quantas manigâncias, às muitas que já lá estavam para assegurar os milagrosos 2,2%.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Depressão de JPP

Pacheco Pereira escreve de novo sobre o PSD no Público, p. 41. É muito possível que a sua análise muito a negativa sobre o estado do PSD esteja correcta. Ele tem muitíssimo mais experiência sobre a matéria que eu e parece-me razoável o quadro que traça. Já o final revela um estado de depressão acentuada:

“E por isso tudo é frágil e vai continuar a ser frágil, e pode cair como um castelo de cartas a qualquer momento.”

Não há aqui uma réstia de esperança, não há um condicional, nada. Isto já me parece completamente excessivo. Uma razão de esperança está no Instituto Francisco Sá Carneiro, cujo potencial está longe de estar verdadeiramente utilizado e, sobretudo, publicitado. Há ainda o Gabinete de Estudos, que começou com o pé esquerdo, mas está em vias de ser reformulado. De qualquer forma, não é certamente verdade que não haja nada que a actual direcção possa fazer para alterar o actual estado de coisas. Há muito que pode e deve ser feito. E se, como JPP diz, “a maioria dos eleitores reais e potenciais do PSD [desejam] um partido diferente, credível, sério e mais honesto”, então a actual direcção até está com a estratégia correcta, embora eu a considere um pouco atrasada no calendário.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Meter a viola no saco

Os dados do PIB do 3T08 obrigam o governo a meter a viola no saco. A economia já se contraiu no 3º trimestre, pelo que parece quase certo que vamos entrar em recessão técnica ainda em 2008.

Confirma-se ainda que a procura interna continua a crescer claramente acima do PIB, com este com mais dificuldade em crescer devido à contribuição negativa do sector externo. Ou seja, o nosso crescimento continua vítima da falta de competitividade, muito mais do que com problemas de debilidade da procura interna.

Logo, insistir na conversa de estimular a procura interna através do investimento público é como insistir em tomar remédios para os pulmões, quando se tem uma doença de coração.

Acrescente-se que as últimas estimativas de crescimento publicadas no Economist colocam as principais economias desenvolvidas com quedas do PIB em 2009 de praticamente 1%. Adivinhem lá o que nos espera?

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

VPV, cientista

Vasco Pulido Valente, enquanto insulta, perdão, comenta a fúria anti-neoliberal de João Ferreira do Amaral and friends (no Público de hoje), deleita-nos com a seguinte pérola: a economia não é, “por nenhum critério, uma ‘ciência’. Se o fosse, não haveria agora crise (ou haveria agora crise com um remédio prescrito e infalível)”

Seguindo esta linha de raciocínio, se existe uma pessoa (ou mesmo muitas) com um cancro incurável, então podemos concluir que a medicina não é uma ciência. Se existe um campo do saber em que há questões sem resposta claríssima, então esse campo do saber não é científico. Ainda não temos uma teoria unificada da física? Azar, então a física não pode ser considerada uma ciência. Etc, etc…

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Indemnizações no BPN?

O Deutsche Bank e Deloitte vão realizar uma avaliação do BPN. Acharei muito estranho que cheguem a um valor positivo. O mais natural é que se conclua que o BPN está falido. Logo, os seus accionistas não deverão receber qualquer indemnização.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Custo ou preço?

Parece que o bilhete Lisboa-Porto do TGV vai ter um preço de 40€. Infelizmente, não somos informados do verdadeiro custo da viagem. Será que o verdadeiro custo é o dobro do preço? Qual vai ser o subsídio por viagem?