quarta-feira, 4 de junho de 2008

OCDE muito pessimista a médio prazo

A OCDE revelou hoje as suas novas estimativas, com generalizadas revisões em baixa, como seria de esperar. Portugal acaba por não ser tão penalizado em 2008 e 2009, com PIB de 1,6% e 1,8%, respectivamente. Mas de novo se me coloca o problema da consistência. Para a zona euro, a OCDE prevê uma forte desaceleração em 2008 e um piorar da situação em 2009. Para Portugal prevê um desacelerar mais suave em 2008 e recuperação logo em 2009. Isto é estranho, até porque Portugal é dos países mais dependentes de energia (importa quase 90% do que precisa) e dos países mais endividados, ainda por cima a taxa variável. Logo, quando a OCDE diz o inverso sobre Portugal do que diz da zona do euro, fica a dúvida.

Mas, mas importante e mais grave: “O relatório da OCDE estima ainda que a taxa de crescimento potencial de Portugal volte a reduzir-se, de uma média de 1,7% entre 2005 e 2009 para apenas 1,2% entre 2010 e 2014, sugerindo que os estrangulamentos estruturais da economia portuguesa vão agravar-se.”

http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS&id=319102

Ou seja, agrava-se a situação de divergência estrutural. Parece estar ainda instalada a ideia que Portugal tem tido azar no crescimento económico e, por isso, tem divergido da média europeia. “Isto é apenas uma questão conjuntural, que a retoma irá corrigir”. Pois não. A divergência já é estrutural e, segundo a OCDE, vai-se agravar.

O recente relatório EMU@10 da Comissão Europeia vem indicar que Portugal deveria ter um crescimento do PIB/capita próximo dos 4% (p. 107). Imaginem que não só estamos longe disso, como nos estamos a afastar desta marca…

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