sexta-feira, 21 de março de 2008

Ameaças não credíveis

Notícia do Diário de Notícias de hoje, p. 44: “Meios contra restrições à publicidade infantil”

“O Executivo acredita que a auto-regulação não tem funcionado e que os anunciantes promovem excessivamente produtos que fazem mal à saúde” (…) “Já o Instituto Civil da Autodisciplina da Publicidade (ICAP) acredita que a auto-regulação tem funcionado”. Esta gente das corporações não aprende: desde quando é que um juiz em causa própria é credível?

Rui Ramos Pereira, secretário-geral da Confederação de Meios para a Comunicação Social, “acredita [ó senhora jornalista não pode variar um pouco de verbo?] que a proibição de publicidade a alimentos para crianças pode terminar com os conteúdos infantis na televisão”. Parece que a publicidade dirigida a crianças anuncia exclusivamente produtos alimentares, e não só alimentares, mas produtos alimentares e nocivos para a saúde.

Já viram esta ameaça? Ou nos deixam continuar a anunciar produtos nocivos para a saúde das crianças, ou nós deixamos de patrocinar programas infantis nocivos para o desenvolvimento social e mental das crianças. Buh! ai que medo!...

A notícia em caixa fala do envolvimento do Ministério da Saúde para “definir que quantidades de gordura, açúcar e sal são consideradas saudáveis”. Imaginemos, como nos querem fazer crer (estes lobbies que tomam o governo e os portugueses como idiotas chapados também têm muito que se lhes diga), que toda a publicidade era a produtos nocivos. Alguém acredita que os fabricantes, na posse de limites saudáveis concretos à composição dos produtos, iam pura e simplesmente manter os seus produtos tal como são hoje, acabar com a publicidade e assistir teimosamente a uma queda a pique na venda dos seus produtos? Está tudo parvo?

Como é evidente, se algum dos actuais fabricantes decidisse a estratégia suicida de não se adaptar veria a sua quota de mercado comida (piada de fraco gosto, eu sei) pelos produtores que se adaptassem às novas regras. Como é evidente, não faltaria publicidade aos novos produtos, menos nocivos à saúde e as crianças lá poderiam continuar a ver esses programas maravilhosos que para aí há.

Quanto a estes lobbies, são mesmo o espelho do atraso do país. Meus amigos, que tal aumentar a qualidade dos produtos que vendem e aumentar a qualidade da argumentação?

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