terça-feira, 22 de janeiro de 2008

A coisa está negra…

Hoje, completamente de surpresa e fora de uma reunião regular, a Reserva Federal dos EUA desceu a sua taxa de referência em 0,75% para 3,5%. Parece haver aqui dois elementos de surpresa: 1) o momento da descida, antes do esperado; 2) o montante da descida, maior do que o esperado. Um movimento deste tipo da Reserva Federal é sempre ambivalente. Por um lado, transmite a ideia de que a Reserva está atenta e reage com rapidez. Por outro lado, indica que a coisa está pior do que se imaginava ao ponto de exigir uma medida mais drástica do que o previamente imaginado. É sempre muito difícil decidir qual o mais importante, daí a necessidade de gerir esta acção de forma especialmente cuidadosa.

Do comunicado:
The Committee took this action in view of a weakening of the economic outlook and increasing downside risks to growth. While strains in short-term funding markets have eased somewhat, broader financial market conditions have continued to deteriorate and credit has tightened further for some businesses and households. Moreover, incoming information indicates a deepening of the housing contraction as well as some softening in labor markets.

Todos os membros do Conselho votaram a favor, com excepção de um único, que discordou do timing. Que não deveria ser antes da reunião regular, na próxima semana.

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O veredicto dos mercados foi mau: nos EUA os principais índices responderam em queda, com as piores perdas desde 2002. O que neste momento (e sublinho neste momento, dado que os mercados andam com uma enorme volatilidade) os mercados estão a dizer é que a mensagem principal da decisão da Reserva Federal é que a coisa está muito pior do que se imaginava.

Dólar em baixa e menor crescimento nos EUA são duas más notícias para a Europa, mas os mercados europeus estão com uma resposta ambivalente. Na Alemanha a bolsa está a cair 7%, mas em França sobe 2%. Em Portugal, regista-se uma subida, que poderá ser resposta às fortes quedas da véspera.

No global, aquilo que surgia como riscos para o cenário macroeconómico de 2008, está já a confirmar-se pela negativa.

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